Banca responsável: 57% dos bancos ainda não integraram a sustentabilidade na gestão de risco

Muitos bancos adotaram ou estão a implementar padrões voluntários de relato sobre fatores ambientais, sociais e de governance (ESG), mas a maioria (57%) ainda não integrou totalmente estes fatores nos seus processos de gestão de risco. Esta é a conclusão central de um estudo ao modo como 30 bancos estão a incorporar a sustentabilidade nas suas práticas comerciais, feito com base em informações públicas, usando relatórios de Responsabilidade Social Empresarial de 2018-2019 e relatórios anuais.

Entre as entidades bancárias avaliadas estiveram o Barclays, BBVA, Citi, Credit Suisse, Santander, Standard Chartered e UBS. Conheça a lista completa aqui.

Segundo a Mazars, grupo especializado em auditoria, contabilidade, consultoria, fiscalidade e serviços jurídicos, a entidade responsável por estes resultados, a maioria dos bancos apoiaram estruturas de sustentabilidade e lançaram programas de responsabilidade social, mas a definição e divulgação de metas de sustentabilidade não é ainda uma prática comum.

E apesar de todos os bancos avaliados, o que incluiu bancos europeus, do Sudeste Asiático, África e América, oferecerem produtos ambientalmente responsáveis, apenas 43% desenvolvem uma oferta de produtos que endereça verdadeiramente questões socioeconómicas.

Os resultados mostram que os critérios ambientais, sociais e de governance não são ainda totalmente integrados nas suas estratégias e indicam que práticas bancárias mais responsáveis podem ser alcançadas se integrarem estes critérios na sua estrutura de gestão de risco e os medirem de forma mais eficaz.

Segundo o relatório Responsible Banking Practices: Benchmark Study 2020, apenas três dos 30 bancos avaliados demonstram as melhores práticas numa ampla gama de fatores de sustentabilidade, com 10 bancos a revelarem uma abordagem sustentável em alguns fatores e mais de metade (17) dos bancos a apresentarem uma abordagem sustentável de carácter limitado na maioria dos fatores.

Assim, nnhum banco foi considerado excecional, ou seja, um banco com mais de 90% dos critérios analisados: cultura e governance; gestão de risco; normas de divulgação e reporting; frameworks, iniciativas e metas e produtos e serviços.

“Estes resultados devem relembrar aos bancos que a crise é uma oportunidade para olharem além das prioridades imediatas e usarem algumas das melhores práticas descritas no nosso relatório para incorporar fatores ESG na tomada de decisões sobre investimentos para o bem dos negócios, dos seus clientes e da sociedade”, defende Leila Kamdem-Fotso, partner da Mazars.

Virginie Mennesson, Head of Regulatory Affairs da Mazars no Reino Unido, acrescenta: “Os resultados deste estudo mostram que alguns bancos estão a liderar o caminho, com a maioria a ter ainda algum trabalho a realizar para incorporar totalmente os fatores ESG nos seus processos de estratégia corporativa, governança e gestão de riscos.”

Metas e incentivos

O relatório conclui que a introdução de metas explícitas poderia ajudar os bancos a aumentarem as suas conquistas no que respeita a ESG. Apenas 27% possuem um conjunto específico e mensurável de objetivos socioeconómicos em conformidade com estruturas de sustentabilidade. Por outro lado, apenas 13% dos bancos avaliados praticam incentivos financeiros associados à sustentabilidade para os seus cargos de direção. O relatório faz igualmente referência à Goldman Sachs (que não foi um dos bancos avaliados) e que vai passar a aconselhar apenas as empresas que estejam cotadas em Bolsa, com uma Oferta Pública Inicial onde exista um Conselho de Administração diversificado que comprove o esforço realizado nesta área.

In Líder Magazine - https://lidermagazine.sapo.pt/banca-responsavel-57-dos-bancos-ainda-nao-integraram-a-sustentabilidade-na-gestao-de-risco/