Bancos estão mais “verdes” em todo o mundo. 74% já apostam forte na sustentabilidade

De acordo com a consultora Mazars, os bancos estão a tornar as suas práticas cada vez mais sustentáveis e têm vindo a fazer progressos de ano para ano, algo que é visível também em Portugal.

De acordo com um estudo levado a cabo pela consultora Mazars, em média, 74% dos bancos a nível global implementaram em 2020 medidas que promovem uma cultura de sustentabilidade e adaptaram as suas estruturas de governance, em comparação com apenas 49% no ano anterior.

A conclusão é da edição de 2021 do estudo de benchmarking “Práticas responsáveis na banca”, que avalia as práticas de sustentabilidade em 37 dos maiores bancos mundiais localizados na Europa, África, Américas e Ásia-Pacífico.

O estudo avaliou a forma como estes bancos gerem os riscos relacionados com alterações climáticas, questões sociais e de governance e concluiu as instituições financeiras fizeram progressos em todas as dimensões das finanças sustentáveis avaliadas, por comparação com a edição de 2020 do mesmo estudo. Em média, 82% dos bancos estão a desenvolver uma oferta de produtos responsáveis (quando no ano anterior eram apenas 47%, praticamente metade).

“Estamos perante uma transformação da cultura financeira, à medida que este tipo de preocupações se torna cada vez mais urgente. A expectativa é que todas as organizações, particularmente aquelas que possuem um impacto significativo na economia ou uma atividade de interesse público, implementem processos que assegurem o respeito para com temas ambientais e sociais. Tal é visível nos clientes do setor financeiro com os quais trabalhamos em Portugal e torna-se algo a considerar quando equacionamos as suas necessidades e as soluções a serem disponibilizadas”, afirmou Luís Gaspar, Managing Partner da Mazars em Portugal, em comunicado.

Por seu lado, Leila Kamdem-Fotso, Partner da Mazars, defendeu que “não há dúvida que os bancos estão a tornar as suas práticas mais sustentáveis e que têm vindo a fazer progressos”. No entanto, apesar de os resultados serem encorajadores, “revelam também algum trabalho ainda por realizar”.

“Os bancos precisam de implementar práticas relevantes, particularmente as relacionadas com a gestão dos riscos climáticos , isto se querem cumprir com os objetivos de sustentabilidade. Uma forma de fazer isso é melhorar as metodologias e quantificar melhor os impactos relacionados ao clima incorridos nos seus relatórios”, concluiu Leila Kamdem-Fots.

De acordo com o estudo “Práticas responsáveis na banca” da Mazars, há cinco pontos em que os bancos avaliados mostraram avanços mais significativos ao nível da sustentabilidade:

  1. A promoção da cultura de sustentabilidade foi um dos pontos mencionados no estudo, uma vez que, em média, 74% dos bancos já implementaram medidas que promovem uma cultura de sustentabilidade e adaptaram as sua estruturas de governance. Na edição de 2020, esta percentagem estava em apenas 49%. Ainda assim, e apesar da melhoria, a integração de critérios ESG (Ambientais, Sociais e de Governnace) ainda é pouco frequente.
  2. Por outro lado, os bancos assumem um compromisso com objetivos de sustentabilidade SMART, com prevalência das metas relacionadas com ambiente. As metodologias para alinhamento estratégico com o Acordo de Paris também ganharam força, uma vez que 51% dos bancos analisados estão já testar a metodologia PACTA – Paris Agreement Capital Transition Assessment). No entanto, este número ainda não se refletiu nos compromissos oficiais dos bancos com a neutralidade carbónica.
  3. No estudo da Mazars ficou ainda evidente que os bancos conseguem ter práticas mais avançadas para gerir riscos climáticos do que para os riscos ESG. Contudo, como apenas 22% dos bancos fornecem dados quantitativos sobre o tema, continua a ser difícil medir o impacto financeiro das alterações climáticas sobre os bancos.
  4. Outra tendência que também foi notada no estudo tem a ver com a implementação de relatórios de sustentabilidade. Estes documentos dos bancos focam-se, maioritariamente, em objetivos climáticos e seguem as recomendações do Carbon Disclosure Project (CDP) e do Task-force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD). As emissões de gases efeito de estufa (GEE) são as mais reportadas pelas instituições financeiras, mas as emissões de âmbito 3 (das atividade da cadeia de valor) também se apresentam como um desafio para os relatórios de sustentabilidade.
  5. Por fim, uma situação em que os bancos mostraram avanços foi na capacidade de apresentar uma oferta mais madura para empresas do que para clientes particulares. E, mais uma vez, isso refletiu-se nas percentagens – 78% dos bancos desenvolveram uma oferta de green bonds, enquanto apenas 32% desenvolveram produtos verdes para clientes particulares.

InECO