Como ser um negócio lucrativo e sustentável

“Nos dias de hoje é impensável uma empresa ser lucrativa de forma fácil e irresponsável”, diz Maria João Vaz, diretora de sustentabilidade da Mazars.

A Mazars, empresa internacional de auditoria, fiscalidade e consultoria, apresentou o seu relatório sobre ESG: where are you on the journey?. Este relatório apresenta uma visão sustentada dos temas ambientais, sociais e de governança (ESG) nas agendas empresariais, e define o caminho possível para empresas de todas as dimensões, à medida que se preparam para arrancar ou acertam o ritmo da sua jornada de sustentabilidade.

Neste contexto, e para conhecermos um pouco melhor as especificidades deste novo relatório, a ”Executive Digest’ falou com Maria João Vaz, Sustainability Director da Mazars Portugal, sobre o tema da sustentabilidade e pedimos para nos responder a três perguntas no âmbito do relatório:

De que forma é que a sustentabilidade pode passar a ser uma questão central nas empresas?

A sustentabilidade, para passar a ser um tema central nas empresas, tem que ser tratada como todas as outras variáveis estratégicas do negócio. Não pode continuar encerrada num departamento ou numa pessoa.

Quando falamos em Sustentabilidade, falamos em três grandes pilares: o ambiental (E), o social (S) e a governance (G), a sigla tão em voga nos nossos dias: ESG. Há ainda quem integre neste conceito a Economia (E), passando este a EESG.

Estas componentes englobam todas as questões relevantes à operação duma empresa. Os gestores têm que olhar para estas questões como estratégicas e como oportunidades, e não como custos e obrigações. É verdade que a regulamentação tem vindo a aumentar e a tornar-se cada vez mais exigente, mas também é cada vez mais demonstrável que as empresas mais sustentáveis são também mais lucrativas e resilientes. São mais atrativas para trabalhar, preferidas pelos consumidores e acabam por ter uma reputação mais credível. As empresas que coloquem a sustentabilidade no centro do seu negócio vão conseguir melhorar o seu desempenho de forma mais consolidada, uma vez que as questões ESG estão integradas nos seus eixos estratégicos de atuação, com objetivos concretos e com um propósito de existência.

Como ser um negócio lucrativo e sustentável?

Nos dias de hoje é impensável uma empresa ser lucrativa de forma fácil e irresponsável. Não podemos fazer um produto de qualidade se estivermos a causar dano no ambiente ou nos colaboradores. Logo, se a empresa integrar todas estas questões, consequentemente está a criar as bases para que a empresa continue a existir por muitos anos e assim ser lucrativa.

Um negócio lucrativo não é aquele que apenas gera lucro, mas que aposta na inovação, que tem um propósito e que consegue atrair e reter talento. É o que minimiza o seu impacto ambiental e que se governa por regras de ética, transparência e que gere os seus riscos, incluindo os de sustentabilidade. É o que não duvida que as alterações climáticas existem e que por isso aposta num plano de descarbonização. É um negócio inclusivo que valoriza a diversidade e equidade e que trata todos os colaboradores, de igual para igual.

Quando os gestores apreenderem que todas estas componentes – da sustentabilidade – são importantes, terão uma maior probabilidade de assegurarem empresas mais resilientes e lucrativas.

A paragem ou abrandamento de muitos negócios no contexto da pandemia ajudou a criar empresas mais sustentáveis?

Sim e não. Este tempo de pandemia foi uma realidade não planeada e completamente alheia a tudo o que alguma vez podíamos imaginar.

As empresas tiveram que lidar com respostas a situações de emergência que não estavam contempladas nos seus planos de gestão de risco. As pessoas, o pilar Social, começaram a ter mais relevância no panorama da gestão empresarial, porque muitas ficaram doentes devido à pandemia e outras, como consequência, ficaram muito afetadas a nível de saúde mental. Foi preciso criar confiança neste novo modo de trabalhar e dar apoio a quem mais precisou. A forma de trabalhar teve que se adaptar, com o trabalho remoto a ser predominante durante a pandemia e hoje a maior parte das empresas adotou o modo híbrido.

Estas questões tiveram grande impacte ao nível dos consumos energéticos a nível global, registando-se níveis mais baixos de emissões de CO2. As reuniões de trabalho tornaram-se predominantemente online.

De uma forma geral, penso que as empresas tiveram que repensar os seus negócios, muitas delas para formatos mais sustentáveis, tendo o digital e as tecnologias passado a ser a dimensão dominante. As que dependiam ou dependem da sua cadeia de fornecedores, correram grandes riscos de ficar sem matérias-primas e até de terem que interromper a sua produção, pondo em causa toda a sustentabilidade financeira do negócio.

Será que a pandemia foi suficientemente forte para mudar a mentalidade nos nossos gestores? Acredito que não, e são esses que, muito provavelmente, continuarão a não ser sustentáveis.

Sublinha-se que o relatório analisa os principais insights de líderes empresariais em todo o mundo, juntamente com a orientação dos especialistas do setor selecionados pela Mazars, para que as empresas possam gerir desafios e agarrar as oportunidades. Pode consultar aqui o relatório completo.

InExecutive Digest

Contacte-nos