O combate, agora real, pela sustentabilidade ambiental

Até há pouco tempo e à semelhança de outras causas, como a responsabilidade social e a inclusão ou como o combate anticorrupção e antisuborno, a sustentabilidade ambiental não se assumia como um tema nuclear, mas sim como algo periférico, esotérico e circunscrito a uma minoria de ativistas, normalmente considerados à margem dos temas centrais da política, economia e sociedade.

Em pouco tempo, esta temática deslizou para o centro da atenção dos governantes e dos agentes económicos (havendo, como é sabido, algumas “honrosas exceções”), em grande parte, devido à ação de organizações públicas, organizações não governamentais ou mesmo de personalidades individuais.

Contudo, a verdadeira causa para esta mobilização prende-se com a constatação científica que demonstra que o planeta se está mesmo a transfigurar e a danificar de forma irremediável. Se nada for feito, o problema só se vai agravar e a um ritmo cada vez mais intenso.

Sem o nosso “supremo lar”, dos nossos ascendentes e, esperamos, dos nossos descendentes, nada adianta ultrapassar os desafios do crescimento económico, da melhoria das condições sociais ou mesmo da saúde na perspetiva individual. A saúde do planeta e coletiva, o ambiente e o combate às alterações climáticas precedem todas as outras causas com as quais terão de evoluir de mãos dadas.

Mais uma vez, a União Europeia (UE), assume uma perspetiva globalizante, ecológica e humanista, afirmando a sua pretensão de liderar este combate e de influenciar e mobilizar, nomeadamente ao nível do G20, os pesos pesados nesta delicada balança.

O recente Pacto Ecológico Europeu (PEC) representa um reposicionamento dos objetivos ambientais e ecológicos da UE, através dos quais a ambição surge reforçada, os prazos são encurtados e as frentes de ação tornam-se mais abrangentes. É parte integrante da estratégia da UE, em linha com a Agenda 2030 das Nações Unidas, e pretende materializar as orientações políticas e de ação traçadas pela atual Comissão, assim como colocar a sustentabilidade e o bem-estar dos cidadãos no centro da política económica Europeia.

O PEC assenta em 10 pilares de ação, incluindo a ambição, no espaço da UE, de se atingir a neutralidade climática em 2050, fomentando simultaneamente o crescimento económico inclusivo. Outras frentes de ação incluem: a produção e fornecimento de energia limpa, segura e acessível; a mobilização da indústria para a economia circular; a construção e renovação de edifícios com ganhos de eficiência no consumo de energia e utilização de recursos; a reformulação do sistema alimentar no sentido de garantir que este se torna mais equilibrado, saudável e harmonioso em relação ao ambiente; a preservação e restauração de ecossistemas naturais e da biodiversidade; e a redução da poluição.

O Pacto Ecológico Europeu afirma-se, portanto, como uma mudança de paradigma na ação política e no desenvolvimento económico e social. Estabelece um percurso, ínfimo em relação à nossa História, mas crucial ao se pretender suster a degradação ambiental e salvar o planeta e o futuro das novas gerações.

As empresas, nomeadamente as da fileira industrial, vão-se deparar inevitavelmente com desafios de reconfiguração que permitam garantir a adaptação a novas regras e modelos de operação que estão prestes a surgir.

Por outro lado, à semelhança de todos os períodos de intensa transformação, aparecerão, também, novas oportunidades decorrentes do potencial associado a novos modelos de negócio, bem como da possibilidade de se obterem vantagens competitivas através da antecipação de tendências e de movimentações estratégicas face a concorrentes.  

É assim necessário lançar um apelo aos empresário e gestores para incorporarem esta temática numa posição de destaque nas suas agendas e preparem antecipadamente o futuro das suas empresas.

Em breve ou agora, no que diz respeito à sustentabilidade ambiental, já não basta parecer, é mesmo preciso ser!