Entrevista Shark

Fundada por ex-pilotos profissionais, a Shark desenvolve capacetes com o objetivo de garantir o mais alto nível de performance e segurança. O mais paradigmático talvez seja o Shark Race.R PRO, usado pelo tricampeão do mundo de MotoGP, Jorge Lorenzo. É conhecido como um dos mais seguros no mercado de capacetes, com mais de 150 pódios conquistados em campeonatos mundiais de motociclismo. Em 2002, Portugal foi o destino escolhido pela Shark para implantar uma das suas fábricas. O diretor executivo, Remo Ventura, explica porquê.
A SHARK é sponsor do Miguel Oliveira, desde há muitos anos, e com o nosso contributo o campeão português participa MotoGP.

Mazars: Provavelmente muitos portugueses desconhecem que um dos melhores capacetes do mundo é feito em Portugal. Há quanto tempo implantaram a vossa fábrica em Carregal de Sal e porquê Portugal? 

Remo Ventura: Iniciámos a produção a 14 de janeiro de 2002. Até hoje produzimos mais de 3,5 milhões de capacetes e exportamos para todo o mundo. Esta localização surgiu depois de já termos implantado uma fábrica de capacetes em compósito na Tailândia (fibra de vidro, carbono, kevlar, dyneema) e procurávamos um país na Europa com know-how de injeção e moldes para plásticos, com mão de obra relativamente conveniente. Na altura optámos por Carregal do Sal porque a Câmara estava a desenvolver um novo parque industrial e tivemos ainda a oportunidade de receber apoios portugueses e europeus.

M: Os capacetes Shark são conhecidos pela inovação tecnológica. A componente de I&D é desenvolvida também em Portugal? Qual a inovação de que mais se orgulha?

RV: Estamos atualmente a transferir o know-how de Marselha para Carregal. Foi aqui que desenvolvemos e produzimos o primeiro capacete mundial com tecnologia LED mas diria que o produto mais inovador que produzimos, outra novidade absoluta no mundo dos capacetes, foi o Evoline, o primeiro capacete com queixal com abertura a 180º e homologado quer na versão jet quer integral (até esta altura os capacetes com queixal tinham uma abertura de 90º e eram aprovados apenas na versão jet).

M: A vossa produção é exclusivamente destinada ao mercado internacional? Quais os principais países de destino?

RV: Exportamos praticamente a totalidade da nossa produção. Os principais mercados são França, Itália, Alemanha, Espanha, Reino Unido, EUA, Brasil, Austrália e iniciámos agora a exportação para o Japão e China. O Grupo foi adquirido em 2018 pela EURAZEO PME e no ano seguinte englobámos o Grupo NOLAN, uma aquisição que potencia o desenvolvimento da complementaridade do know-how conjunto e sinergias nos níveis técnico, económico e de inovação. Por outro lado, permite também a globalização do acesso a novos mercados, continuando-se como o Grupo líder mundial no fabrico e distribuição de capacetes.

M: A Mazars é a auditora da Shark em Portugal. Como tem corrido esta relação?

RV: Somos partner da Mazars desde o início da nossa atividade em Portugal. Obtivemos todo o apoio necessário para nos instalarmos e desde então o nosso relacionamento prossegue também noutras áreas, como o apoio nas candidaturas a projetos, ações de formação interna, consultadoria, etc. Sempre lidámos com equipas profissionais que entendem as nossas necessidades e os nossos problemas e que sempre nos ajudaram a melhorar. Em 2005, a Shark foi adquirida pela primeira vez por um grupo financeiro francês e o report tornou-se mais exigente. A Mazars contribuiu muito para nos estruturarmos de forma a responder às exigências dum grupo que, atualmente, fatura 140 milhões de euros, com casa-mãe em Marselha, unidades de produção na Tailândia e Itália, e subsidiárias em toda Europa e EUA.

M: Pode definir a Mazars numa palavra ou frase? 

RV: Profissionalismo, seriedade, espírito de grupo.

Entrevista realizada a Remo Ventura, Diretor Executivo da Shark.