Será difícil, ou quase impossível, ter sucesso num mundo global em constante evolução, sem adequada formação

Se há certeza deixada pela pandemia é a de que ela obrigou a pensar vários fatores nas empresas. Do plano operacional ao domínio financeiro, em que foi necessário proceder à análise das contas para uma avaliação das medidas a tomar, análise à liquidez/tesouraria, elegibilidade para apoios do Estado e reavaliação dos investimentos, muito trabalho houve a fazer. Em síntese, Henrique Oliveira considera que “a pandemia veio reforçar de forma clara a necessidade de uma gestão especialmente focada na comunicação, nos processos e nos resultados”.

São duas batalhas a travar em simultâneo, durante este período de crise. “Por um lado, uma análise critica aos fatores de produção e gastos no sentido de obter economias e redução nos gastos, por outro, a avaliação ao mercado, a avaliação de oportunidades e de adaptação ao contexto, ou seja, uma atenção redobrada no sentido de percecionar o futuro, mesmo que no curto prazo”.

Nem todas as empresas se encontram preparadas para enfrentar os desafios da pandemia. “É importante ter presente o sector no qual a empresa se insere”, refere. Recorda que “para as empresas de serviços, a medida mais emblemática terá sido o teletrabalho e a reorganização dos processos adaptados a esta realidade”, com destaque para a aceleração da transformação digital.

Já para a indústria, “o lay-off e os apoios à redução temporária do trabalho foram as grandes medidas mitigadoras do impacto da pandemia".

No entanto, “para a generalidade das empresas, os desafios que resultam da pandemia são enormes e o fator imprevisibilidade é dominante. Neste contexto, a atuação das entidades coletivas que agreguem interesses comuns e definam estratégias concertadas e comuns, parece-me ser um dos pontos importantes onde se focaliza a atenção dos empresários”, comenta.

Ao nível das lideranças e da sua influência na humanização do local de trabalho, “os empresários já perceberam que não se trata de uma questão de disponibilidade, mas sim de uma necessidade”. Neste âmbito, Henrique Oliveira reforça a importância de aproveitar as pessoas que se emprega, na medida em que ter recursos válidos e competentes, nos lugares certos, ajudará as empresas a cumprir os objetivos de negócios.

E aponta uma sugestão: a adoção de um relato não financeiro na apresentação das contas. "Adotar um conjunto de medidas não só na área social, mas também na área ambiental e degovernance, e divulgar essas medidas sob a forma de um conjunto de indicadores previamente definidos num relatório anual, será com certeza um fator de destaque e de diferenciação nas empresas”.

No futuro que se desenha, Leiria deve continuar a contar com as indústrias tradicionais: “constituem um dos pilares de crescimento e desenvolvimento da economia local e regional”.

A questão não se coloca por isso entre apostar em sectores tradicionais ou modernos. Coloca-se, sim, no entender de Henrique Oliveira, em como se deve evoluir nos sectores tradicionais, nomeadamente através do desenvolvimento de produtos inovadores.

Quanto ao perfil de empresas de que a região precisa no futuro, a dimensão é, no seu entender, um fator crítico. “Em primeiro lugar, penso no crescimento da dimensão como principal fator para uma empresa acabar por se distinguir”. Reconhece, por outro lado, que a pequena dimensão é um fator de flexibilidade e de resiliência no âmbito do emprego, no entanto, crescer será “um fator critico para a perenidade das empresas”.

A dimensão é igualmente determinante para a capacidade de inovação. Quanto maior for a organização, mais capacidade de investimento terá para inovação e desenvolvimento.

Quando as empresas são pequenas, considera também que se torna mais visível a falta de gestão profissional. Nesta matéria, entende que há trabalho a fazer no sentido de esbater “uma aparente menor apetência para a adoção de práticas profissionais de gestão”.

O regresso aos bancos da escola é, do seu ponto de vista, fundamental. “Será difícil, ou quase impossível, ter sucesso num mundo global, em constante evolução, sem adequada formação. A digitalização, as alterações frequentes nos fatores de produção e nas formas de organização, mudança de hábitos de consumo e cadeias de fornecimento em disrupção, apresentam-se como grandes desafios para a competitividade das empresas e dos seus empresários.

Quanto à vocação empresarial da região, Henrique Oliveira salienta a preponderância da indústria transformadora. Sublinha ainda o papel que o Politécnico de Leiria tem assumido na ligação com o tecido empresarial da região, um fator a manter e reforçar.

Adicionalmente, refere que a imagem de Leiria como região de cultura é igualmente um fator decisivo para atração e retenção de pessoas. “Assim, para mim, a vocação da região passaria pelo desenvolvimento da indústria, do conhecimento e da cultura”.

 

InRegião de Leiria

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